Chegou o inverno e o cachorro mancando no frio. Devo me preocupar? As épocas de temperaturas baixas podem afetar nossos pets e, não raro, é comum vermos cachorro mancando por causa do frio.
É importante avaliar, em um primeiro momento, que o tempo mais frio faz com que os pets durmam mais, ficando em posição encolhida por muito mais tempo que o usual, aumentando consideravelmente as dores musculares e articulares, muitas vezes encobertas pela rotina movimentada.
As áreas mais afetadas são a coluna, joelhos, coxas e cotovelos. Quanto mais velhinho o pet, maior a possibilidade de dor e desconforto conforme o frio vem chegando. Identificar as causas é importante, principalmente para que se estipule um programa de reabilitação realmente adequado para o animal.
Inverno: cachorro mancando no frio. Como saber se o problema é sério?
O simples fato do pet se recusar a fazer alguma atividade normal como subir escadas, saltar do sofá ou até mesmo caminhar, pode ser sinal de alguma dor e não somente preguiça.
É importante que, caso reconheça algum sinal de indisposição e dor no pet, faça contato com um profissional veterinário, pois só com um exame clínico e de, por vezes, de imagem, é possível definir a causa e estipular o tratamento adequado.
Quais as raças mais acometidas pelo inverno?
Raças de médio e grande porte como Pastor Alemão, Dogue Alemão e Golden Retriever, que geralmente vivem em quintais, sofrem muito nessa época do ano e são campeões de casos como displasia coxofemoral, hérnia de disco, ruptura de ligamento e artrose (principalmente os mais velhos).
Cães pequenos como Poodle, Maltês, Yorkshire, Dachshund e outros, costumam sofrer com dores articulares e de coluna. Outros, como Pinscher, Whippet e Fox Paulistinha geralmente sentem mais frio e o uso de roupinhas pode ser muito adequado para evitar os efeitos das temperaturas baixas.
Em todos os casos, nunca se esqueça de deixar uma opção de lugar quentinho para que seu pet durma bem. Em casos de pets mais idosos, é importante prestar muita atenção e desconfiar sempre que passar mais tempo do que o comum dormindo e encolhido na cama. Estimule sempre a movimentação e verifique se está com dificuldades de mobilidade, arrastando as patas ou mancando.
Inverno: cachorro mancando no frio. Quais as causas mais comuns?
É possível elencar algumas das causas mais comuns que produzem dores nos pets e os fazem mancar, principalmente em tempos de inverno. Vejamos:
1 – Artrite/artrose:
Principalmente quando vemos um cão velhinho mancando, esta é, sem dúvidas, a primeira hipótese que nos vem à mente.
A osteoartrose, ou artrose, é caracterizada pela inflamação crônica e degenerativa das articulações. É uma patologia que pode ocorrer por inúmeros fatores, desde a realização de atividades de alto impacto por longos períodos, sobrepeso, patologia conjunta da displasia coxofemoral, envelhecimento e outros.
É uma doença que causa dor e não tem cura efetiva. Porém, pode ser perfeitamente tratada através de analgésicos e protetores articulares, sempre associados a exercícios físicos e fisioterapia especializada.
2 – Displasia coxofemoral:
É uma patologia causada por um defeito genético ou por fatores ambientais como o sobrepeso e rotina em pisos lisos que dificultam a perfeita movimentação dos pets.
É muito comum em Pastores Alemães, Rottweilers e Golden Retrievers, podendo ser detectada em filhotes e raças pequenas, e através de radiografias e outros exames de imagem em casos ambientais.
Ocorre quando o fêmur (osso da coxa) não consegue se encaixar perfeitamente na bacia de tal modo que com frequência se desencaixa, causando dor e desconforto muscular.
A cirurgia pode corrigir o posicionamento do fêmur. Entretanto, o tratamento conservativo através de técnicas de fisioterapia e reabilitação têm sido amplamente utilizado. Estima-se que 95% dos pacientes respondem muito bem à fisioterapia, muitas vezes evitando a cirurgia.
O não tratamento pode desencadear o desenvolvimento de outras patologias como a artrose e, ao longo do tempo, fazer com que a progressão da doença cause o agravamento do quadro de dor e claudicação.
A fisioterapia veterinária também é muito recomendada nesses casos, fornecendo diferentes técnicas de combate aos ciclos de dor e programas de reabilitação via esteiras aquáticas que ajudam na recuperação muscular, aumento da mobilidade e diminuição das dores articulares.
3 – Displasia de cotovelo:
É o resultado de um problema de crescimento que consequentemente produz uma anormalidade na articulação do cotovelo. Causa dor e possui, na maioria dos casos, uma origem genética. É possível corrigir com cirurgia, desde que feita antes dos 9 meses de idade. Passado o prazo ideal, é comum que o pet desenvolva a artrose.
As técnicas de reabilitação animal através da fisioterapia veterinária são ótimas para combater a progressão da patologia, agindo diretamente nos focos de dor e oferecendo um planejamento eficaz para o fortalecimento da região e manutenção da qualidade de vida do animal.
4 – Luxação de patela:
Patologia muito comum em raças pequenas, mas também pode estar presente em cães maiores. Ocorre quando a patela (osso do joelho, comumente conhecido como rótula) fica se movimentando de forma anormal, causando atrito entre os ossos. Isso acontece pois o encaixe desse osso no fêmur está prejudicado, em muitos casos afetando inclusive os ligamentos.
Os pacientes com luxação fraca apresentam ótimos resultados com a introdução de técnicas de fisioterapia veterinária. Os métodos passam por hidroterapia veterinária com uso de esteiras aquáticas até acupuntura, buscando o controle da dor e melhora da recuperação muscular.
O procedimento cirúrgico, quando indicado, busca colocar a patela no local original, sendo recomendado o tratamento pós-operatório com técnicas de fisioterapia no quinto dia após a cirurgia.
Quando o programa de reabilitação é feito no tempo certo, o pet consegue se recuperar de maneira mais veloz, mantendo sua integridade física e fortalecendo sua musculatura de forma adequada e eficiente.
5 – Complicações neurológicas:
Podem variar muito, desde a perda de propriocepção (capacidade do corpo identificar e corrigir sua própria posição) até a incoordenação motora e paralisias. As causas também incluem um leque grande, desde hérnia de disco, tumores na coluna, infecções virais como a cinomose e outros.
Algumas lesões neurológicas podem ser combatidas através de cirurgias e medicamentos, porém, muitas delas como a hérnia de disco, por exemplo, encontram na fisioterapia, hidroterapia, eletroterapia e acupuntura um programa ideal de controle do processo inflamatório, melhora da dor, ganho de massa muscular e recuperação da mobilidade natural.
6 – Ruptura de ligamento cruzado:
A ruptura de ligamento cruzado em animais ocasiona o deslizamento do fêmur sobre a tíbia, podendo ocasionar novas complicações como lesões de meniscos. Na maioria das vezes é crônica, apesar da possibilidade de ser provocada após arrancadas bruscas.
A ruptura de ligamento cruzado em cães é muito maior em raças com musculatura forte e joelhos frágeis, que resistem menos aos impactos de seus movimentos. Raças como American Staffordshite, Pitbulls e Terriers costumam ser os campeões de casos. Cães atletas que participam de competições como o Agility também costumam sofrer com este tipo de problema.
A primeira medida após a constatação da lesão é o encaminhamento para o procedimento cirúrgico. Atualmente, técnicas cirúrgicas de osteotomias corretivas são as mais indicadas para rupturas de ligamento cruzado.
A fisioterapia veterinária é altamente indicada para a recuperação plena das funções articulares e musculares dos pets acometidos pela ruptura de ligamento cruzado, sendo aconselhado o início das sessões de fisioterapia logo após 5 dias da cirurgia.
As técnicas que passam desde hidroterapia, com uso de esteira aquática para retirada do peso dos movimentos feitos em solo duro e melhora de resultados e rendimento na recuperação dos pets, até métodos de acupuntura e quiropraxia, que oferecem a condição de combater dores e incômodos, auxiliando o pet em sua reabilitação plena.
7 – Fraturas:
Ocorrem geralmente após acidentes mais sérios, tais como quedas ou atropelamentos. Apesar disso, alguns acidentes mais leves também podem causar fraturas, especialmente em dias frios com filhotes e cães idosos.
Após uma fratura em algum membro, o pet poderá mancar continuamente ou intermitentemente, dependendo da localização e do tipo de fratura. A confirmação é feita através de exames de imagem. O ideal é que o diagnóstico seja o mais rápido possível, evitando a cicatrização errada e estipulando um programa de reabilitação ideal para sua correta recuperação.
Existem ainda algumas outras possibilidades, porém, não tanto relacionadas a temperatura baixa. Dentre elas os tumores ósseos, a ansiedade por separação, micoses, entorses e outras causas menos comuns. De todo jeito, é importante sempre contar com um especialista para fornecer um diagnóstico assertivo e encaminhar um tratamento eficiente para a recuperação do seu amigo.
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