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Tendinopatias em Animais

Índice

A articulação do ombro é, historicamente, a que recebe menos atenção da literatura animal, apesar de sua maior incidência de tendinopatias (apesar de poder acometer todas as articulações). Apesar de algumas afecções do ombro como osteocondrose e tenossinovite bicipital terem maior estudo e divulgação, novas e variadas tendinopatias em animais têm sido descritas e estudadas.

Os avanços nas técnicas e ferramentas de diagnóstico por imagem e análise de locomoção trouxeram maior precisão das causas das tendinopatias  em animais, trazendo maior compreensão da anatomia e função biomecânica do ombro e, por consequência, maior capacidade de aplicação de tratamentos em clínicas veterinárias.

Nesse artigo, a Rede Fisio Care Pet traz algumas informações fundamentais sobre as principais afecções de ombros em animais, suas causas, formas de diagnóstico e melhores programas de tratamento. Vejamos:

1 – Tendinose do Supra Espinhoso

A tendinose do supra espinhoso em animais foi inicialmente descrita como uma calcificação distrófica do tendão do músculo supraespinhoso. Porém, essa alteração tendínea pode ser ser um achado acidental sem sinais clínicos associados.

Incidência

É uma das tendinopatias animais, seja ela com ou sem calcificação do tendão, que ocorre com pouco frequência. Os cães mais atingidos são os Rottweilers e Labradores Retrievers.

Causas

A causa ainda é desconhecida. Embora muitos estudos em seres humanos têm descrito algumas alterações vasculares como um fator que contribui para a degeneração espontânea do tendão, o efeito dessa hipovascularização no desenvolvimento da calcificação distrófica no tendão de cães ainda é desconhecida.

Sintomas

Os cães com tendinopatias animais como a tendinose do supra espinhoso costumam apresentar claudicação unilateral crônica, que pode ser intermitente ou persistente. A dor na palpação ou manipulação do ombro pode estar presente, variando de cão para cão. Embora, em alguns casos, a afecção seja bilateral, muitos cães apresentam sinais clínicos de forma unilateral.

Diagnóstico

O exame radiográfico convencional pode demonstrar a mineralização na topografia do tendão do músculo supraespinhoso, entretanto, pode ser necessária uma projeção radiográfica skyline para melhor averiguação.

A ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética podem ser necessárias em alguns casos, a fim de confirmar o diagnóstico e diferenciar a calcificação do tendão do músculo supra espinhoso da calcificação do tendão do músculo do bíceps braquial.

Tratamento

O tratamento geralmente consiste em repouso e administração de anti-inflamatórios. A terapia de onda de choque extracorpórea também pode fornecer uma alternativa efetiva à cirurgia.

A cirurgia, por sua vez, apesar de muito recomendada por alguns autores, sabe-se que a excisão cirúrgica do tecido calcificado dentro do tendão e do músculo tem taxas de sucesso bem variáveis.

Seja qual for o tratamento empregado, a instituição de um programa de reabilitação com exercícios localizados devem ser realizados para maximizar a velocidade e extensão da recuperação.

2 – Instabilidade Medial do Ombro

A instabilidade, com ou sem subluxação do ombro, é uma das principais causas de claudicação do membro torácico animal. Caracteriza-se como uma translação anormal da cabeça umeral na cavidade glenóide, causando desconforto ou disfunção articular.

Incidência

A instabilidade medial do ombro costuma acometer cães de raças pequenas e grandes, principalmente Poodle toy e miniatura, Pinscher, Lhasa Apso, Pastor de Shetland, Dachshund, Pug, Chihuahua e Lulu da Pomerânia, sendo usualmente unilateral. Os casos com subluxação do ombro ocorrem com maior frequência em cães de meia idade, de raças grandes e machos.

Causas

Acredita-se que a afecção tem origem congênita, ocorrendo a partir da frouxidão dos tecidos moles que resultam em graus variados de subluxação. Geralmente é diagnosticada em cães de 3 a 10 meses da idade. Em cães de raças grandes, a condição é geralmente resultante de micro traumas repetitivos.

As causas dessa instabilidade do ombro ainda não são completamente esclarecidas. As teorias mais utilizadas falam em anormalidade no encaixe da concavidade glenóide da cabeça umeral e perda de equilíbrio gleno-umeral e alteração da força de compressão articular. Além dessas teorias, acredita-se que a origem pode ser traumática, decorrente de um evento que resulta em lesão ou frouxidão abrupta da estabilidade do ombro.

Sintomas

Os pacientes com instabilidade articular costumam apresentar histórico de claudicação crônica, que usualmente piora após exercícios ou atividades pesadas, podendo ser discreta ou intermitente, ou ocasionalmente ser acentuada e contínua.

Alguns exames constatam graus variados de dor ao manipular a articulação e hipotrofia muscular na região do ombro. Desconforto e espasmos também podem ser comuns durante a abdução do ombro e, em quadros graves, a subluxação pode ser induzida.

Diagnóstico

A imagem radiográfica do ombro instável pode mostrar sinais da doença articular, se degenerativa ou normal. A ressonância magnética pode identificar anormalidades no ligamento colateral medial e do tendão do múscula subescapular.

A artroscopia também é considerada um exame relevante e pode prover um diagnóstico definitivo, pois permite a identificação da instabilidade medial do ombro em casos em que o exame ortopédico é inconclusivo. Além disso, possibilita a análise do grau e tipo de alterações degenerativas.

A identificação da direção da instabilidade é fundamental, uma vez que o tratamento difere para luxação medial ou lateral. Sabe-se, atualmente, que aproximadamente 80% das sub luxações do ombro são mediais.

Em alguns casos, a instabilidade só pode ser observada com exatidão com o paciente sedado, uma vez que a dor e apreensão podem resultar em contração da musculatura periarticular.

Tratamento

De forma geral, recomenda-se a realização de reabilitação física com o intuito de evitar lesões adicionais, proteger a reparação potencial do estresse excessivo e falha mecânica, impedir a impotência funcional, manter ou restaurar o movimento normal da articulação e a força muscular do membro.

As opções cirúrgicas, mais recomendadas para casos crônicos, incluem a transposição do tendão de origem do músculo bíceps ou tendão do músculo supraespinhoso, imbricação do tendão do músculo subescapular e a realização de sutura sintética para reconstrução do ligamento colateral medial.

Alguns tratamentos mais controversos também podem ser propostos, como a injeção intra-articular de fármacos corticosteróides, a modificação térmica induzida por radiofrequência, a capsulorrafia térmica via artroscopia e artrodese ou excisão artroplástica. Seja qual for a abordagem escolhida, recomenda-se a realização de reabilitação física completa para otimizar e potencializar a recuperação funcional do animal.

3 – Tendinopatia Bicipital

A tendinopatia bicipital é a doença do tendão de origem do músculo bíceps braquial mais comumente descrita como tendinopatia animal. Ocorre quando há uma degeneração tendínea associada ou não a um componente inflamatório.

Incidência

Os pacientes mais acometidos por tendinopatias em animais como a tendinopatia bicipital geralmente são de meia-idade a idosos, de raças médias e grandes. Não há predileção sexual ou racial. Trata-se de uma afecção quase que exclusivamente canina, mas já relatada em conjunto com a displasia glenóide em gatos.

Causas

Embora sua prevalência e mecanismos fisiopatológicos exatos ainda serem desconhecidos, trata-se de uma das causas mais comuns de claudicação do ombro em cães, podendo ser classificada como primária o secundária.

A primária é resultante da inflamação do tendão decorrente de seu uso excessivo ou de trauma crônico repetitivo, especialmente em cães atletas, de trabalho ou com sobrepeso. A secundária ocorre em decorrência de outra doença intra-articular ou aprisionamento de um flape cartilaginoso solto sob o tendão, ou ainda devido a um trauma agudo em outros tendões relacionados.

Sintomas

Os sinais clínicos costumam ser variáveis e, a depender da gravidade, resulta em claudicação discreta, crônica intermitente, progressiva ou até impotência funcional, sendo observado piora após a realização de exercícios.

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser realizado por meio da associação de testes de gaveta do ombro, teste de retração do bíceps, palpação direta do tendão de origem do músculo bíceps braquial, citologia sinovial, radiografia, artrografia contrastada, ultrassonografia, artroscopia e ressonância magnética.

Tratamento

O tratamento conservativo é indicado para lesões agudas. Recomenda-se a realização de uma ou duas aplicações intra-articulares de um fármaco corticosteróide de ação prolongada, como o acetato de metilprednisolona, associado ao repouso intenso e retorno gradual às atividades. A utilização de anti-inflamatórios também pode ser disposta, assim como a restrição de exercícios longos, terapia do frio e ultrassom terapêutico pulsado.

O tratamento cirúrgico é recomendado para pacientes que não respondem bem ao tratamento conservativo ou que possuem alteração mecânica. Entre as opções encontra-se a tenodese ou tenotomia. Independente da técnica escolhida, a reabilitação física é fundamental!

4 – Osteocondrose da Cabeça Umeral

A osteocondrose é uma das mais comuns tendinopatias em animais caracterizada como um distúrbio do processo normal de ossificação endocondral. Quando essa condição progride para a formação de flaps cartilaginosos, utiliza-se o termo osteocondrose dissecante ou ostecondrite dissecante (OCD).

A afecção costuma atingir a região caudocentral ou caudomedial da cabeça do úmero, principalmente pelo fato da cartilagem ser mais fina nessa área em comparação com a cartilagem da periferia da cabeça do úmero.

Incidência

Cães machos de raças grandes são os mais comumente afetados, sendo que entre 27% a 68% dos casos acabam por a lesão de forma bilateral, ou seja, nos dois ombros. Os gatos, por sua vez, possuem poucos relatos de osteocondrose animal.

Causas

As causas da osteocondrose veterinária é complexa e multifatorial. Os principais estudos sobre o tema trazem diversos fatores que podem levar a necrose avascular durante o processo de ossificação endocondral. Os principais passam por fatores genéticos, hereditários, raciais, dietéticos e traumas repetidos.

Sabe-se, entretanto, que muitos cães com osteocondrose da cabeça umeral consomem uma dieta rica em proteínas e de alto teor calórico. As proteínas, calorias e cálcio em excesso estão relacionados à patogênese da osteocondrose, porém, ainda se discute academicamente quais suas reais contribuições para o desenvolvimento da doença.

Sintomas

Os sinais clínicos geralmente se desenvolvem entre 4 e 8 meses de idade do animal. Atrofia dos músculos supraespinhoso, infraespinhoso e deltóide podem estar presentes se a claudicação for crônica. Trata-se de uma afecção normalmente de claudicação unilateral, intermitente, progressiva e acentuada após a prática de exercícios.

Embora o animal não costume apresentar dor na palpação nem mesmo crepitações (estalos audíveis na articulação do ombro), a extensão extrema da articulação costuma, em muitos casos, incitar uma resposta de dor.

É importante ressaltar que embora a lesão primária da osteocondrose ocorra durante o desenvolvimento esquelético do animal, alguns cães não demonstram sinais clínicos quando jovens. Estes costumam desenvolver dor e claudicação mais tardiamente, principalmente como resultado de alguma osteoartrite secundária.

Diagnóstico

O diagnóstico da osteocondrose animal costuma ser feito por exame radiográfico da articulação do ombro. Observa-se, na maioria dos casos, a perda da estrutura trabecular e lise subcondral.

Por vezes, essas alterações podem não estar presentes em cães com osteocondrose até que um flap de cartilagem se forme, momento em que se torna mais fácil a detecção do defeito ósseo subcondral na região caudal da cabeça do úmero.

Em alguns casos, a artrografia com contraste positivo, ressonância magnética e ultrassonografia são indicados para maior exatidão de diagnóstico.

Tratamento

A remoção cirúrgica do flap de cartilagem na osteocondrose é descrita como a melhor maneira para combate a dor e retorno da função do membro afetado. Na cirurgia, o flap cartilaginoso é removido e o defeito subcondral remanescente é desbridado até o sangramento do osso subcondral.

A artroscopia é outro maneira menos invasiva que pode confirmar o diagnóstico e tratar a doença de forma simultânea, permitindo a visualização de lesões que não são vistas por artrotomia.

O prognóstico é bom e o retorno à função quase normal do membro após o tratamento de longo prazo é excelente. É importante destacar, sempre, que os exercícios de reabilitação são fundamentais para maximizar a recuperação pós cirurgia, garantindo maior capacidade de recuperação plena ao animal.

5 – Doença Articular Degenerativa (DAD)

A osteoartrose ou osteoartrite é definida como uma afecção de evolução lenta, degenerativa e não infecciosa, e é acompanhada por uma proliferação óssea nas margens sinoviais e pela fibrose dos tecidos moles periarticulares.

Causa

Quando na articulação do ombro, a osteoartrose ou osteoartrite pode ser classificada como primária ou secundária, dependendo da causa. A primária costuma resultar em degeneração cartilaginosa por razões ainda desconhecida. A secundária costuma ocorrer como resposta a alguma instabilidade articular, sobrecarga articular anormal ou em resposta a outra afecção articular como a osteocondrose ou tenossinovite bicipital.

Sintomas

Como resultado, há a degradação da cartilagem. A série de eventos que resultam nesta afecção costumam se caracterizar em sinais clínicos como dor, limitação da amplitude de movimento, efusão e graus variados de sinais de inflamação local.

Tratamento

Diferentes métodos terapêuticos podem ser instituídos para tratar tendinopatias em animais como a osteoartrose, a depender da condição e estado clínico do animal. De maneira geral, o melhor tratamento passa pela combinação exata de um bom programa medicamentoso que combata a inflamação em conjunção com técnicas eficientes de reabilitação como laserterapia, hidroterapia, eletroterapia, tratamento da obesidade e outros.

Procure sempre clínicas especializadas para recuperar o seu amigo

A Rede Fisio Care Pet investe pesado na capacitação de seus profissionais e na aquisição de equipamentos e protocolos de reabilitação, garantindo aos tutores e pacientes um ambiente perfeito de recuperação saudável e gradual. Claro, sempre respeitando cada caso clínico com programas personalizados.

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24 de abril de 2024

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