A hérnia de disco foi reconhecida em cães desde os anos 1800, quando as primeiras descrições do material de disco extrudado dentro do canal vertebral foram publicadas. De lá pra cá, nossa compreensão dessa patologia aumentou drasticamente, com a descoberta de muitas variações de hérnia. Nesses termos, a Rede Fisio Care Pet separou os 8 tipos de hérnia de disco em cachorros.
Este artigo tem como objetivo oferecer uma visão atualizada dos sistemas de classificação da hérnia de disco em cães, destacando as descobertas importantes sobre a patologia e listando os 8 tipos de hérnia de disco em cachorros.
Quanto maior for a compreensão sobre a classificação e terminologia dessa doença, mais fácil serão os esforços de pesquisas eficazes, permitindo o emprego de melhores programas destinados a melhorar o bem-estar dos pets acometidos e, consequentemente, os resultados dos tratamentos.
8 tipos de hérnia de disco em cachorros
1 – Hansen tipo I / Agudo – Extrusão de Disco Intervertebral:
Essa é a causa mais comum de lesão da medula espinhal em cães. Recentemente, esse tipo de hérnia foi amplamente referido simplesmente como extrusão do disco intervertebral, muitas vezes com o prefixo “agudo” para indicar a apresentação clínica típica e discriminar as manifestações mais crônicas dessa extrusão.
O termo extrusão de disco intervertebral de Hansen Tipo I se refere a uma extrusão aguda do núcleo pulposo degenerativo, tendo como características a desidratação e calcificação cartilaginosa.
Os primeiros estudos sobre esse tipo de hérnia observaram uma degeneração condróide característica do disco intervertebral, particularmente prevalente em certas raças de cães, como os Buldogues Franceses, Dachshunds e Pequinês.
Todas essas raças têm características de ossificação endocondral alterada com ossos longos encurtados e, junto com outras raças como os Beagles, Basset Hounds, Cocker Spaniels e Pembroke Welsh Corgis, tornaram-se conhecidas como raças condrodistróficas.
Como dito acima, a alteração degenerativa observada nesse tipo de hérnia de disco canina é caracterizada por um início precoce de desidratação e calcificação progressivas, com o núcleo pulposo gelatinoso normalmente hidratado e rico em células notocordais se transformando em uma matriz cartilaginosa desidratada densa e rica em células semelhantes a condrócitos.
Embora esmagadoramente reconhecido em raças condrodistróficas, é importante ressaltar que discos calcificados podem ocorrer em raças grandes.
Os sinais clínicos refletem a localização da extrusão ao longo do canal vertebral e podem variar desde um leve desconforto sem déficits neurológicos até a paralisia dos membros afetados com perda da percepção de dor. A progressão clínica se dá, na maioria dos casos, com um início agudo, mielopatia dolorosa e progressiva.
O diagnóstico evoluiu acentuadamente ao longo do tempo e agora é mais comumente obtido por meio de tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
2 – Extrusão Aguda do Disco Intervertebral com Hemorragia Epidural Extensa:
Outra forma que entre nos 8 tipos de hérnia de disco em cachorros são as extrusões agudas do disco intervertebral toracolombar podem causar hemorragia epidural de vários níveis devido à laceração do plexo venoso vertebral interno. Por vezes, esse tipo de hemorragia pode ser dramática e causar a compressão da medula espinhal em vários níveis e aparecer como hematomas.
Conforme o disco intervertebral é afetado e sofre alterações degenerativas condroides, o material nuclear calcificado é expulso para o canal vertebral, causando uma laceração do plexo venoso vertebral interno e consequente hemorragia.
Os fatos para essa hemorragia ainda não foram bem definidos, mas acredita-se que estão relacionados ao volume relativo do espaço epidural.
Os cães afetados costumam desenvolver uma paraparesia aguda que progride rapidamente para paraplegia, frequentemente associada a dor espinhal intensa.
Esse tipo de hérnia de disco canina é mais comum em cães de raças médias e grandes do que em raças condrodistróficas, levando à especulação de que o volume epidural é maior nessa raças e, portanto, o plexo venoso vertebral não é comprimido o suficiente pelo material extrudado para interromper a hemorragia quando lacerado.
As raças mais acometidas são os Pit Bulls Terrier, American Staffordshire Terrier, Labrador Retriever, Pastor Alemão e Rottweiler, podendo também ocorrer, com menor incidência, em cães de raças pequenas e gigantes.
O diagnóstico é feito por imagem avançada com achados clássicos na ressonância magnética, incluindo evidências de fragmentos de disco calcificado e compressão extradural multinível.
3 – Hansen Tipo II / Crônico – Protusão do Disco Intervertebral:
Tradicionalmente, esse tipo de hérnia tem sido referido como hérnia de Hansen Tipo II. No entanto, na literatura mais atualizada, tem sido cada vez mais referido como simplesmente protusão do disco intervertebral.
A apresentação clínica de cães com protusão do disco intervertebral depende da localização do disco afetado e do grau de compressão associada das estruturas relevantes, como a medula espinhal e raízes nervosas.
Os sinais clínicos tendem a refletir uma natureza crônica e lentamente progressiva da degeneração do disco intervertebral, com déficits neurológicos mais leves do que aqueles observados em casos com lesão medular aguda secundária a extrusões de disco intervertebral.
O quadro clínico característico é, portanto, de uma mielopatia lentamente progressiva, frequentemente não dolorosa, afetando cães mais velhos, geralmente não condrodistróficos.
A dor pode estar presente dependendo da presença da compressão da raiz nervosa, mas é menos comum do que os apresentados nos casos de hérnia de Hansen Tipo I com extrusão do disco intervertebral.
Embora historicamente diagnosticado por meio da mielografia, foi, ao longo do tempo, amplamente substituído por técnicas de imagem mais avançadas, particularmente através da ressonância magnética.
4 – Extrusão de Núcleo Pulposo Hidratado:
A extrusão de núcleo pulposo hidratado é um termo que se refere a um subtipo de hérnia aguda de um volume do núcleo pulposo parcialmente ou não degenerado que resulta em um grau variável de compressão extradural da medula espinhal.
A grande maioria dos casos relatados ocorre na coluna vertebral cervical, sugerindo uma predisposição anatômica refletida nos sinais clínicos típicos: com início agudo de tetraparesia ou tetraplegia, com sinais clínicos simétricos mais comuns em contraste com a lateralização observada na extrusão de núcleo pulposo aguda não compressiva.
Outro sinal característico relatado em cães com extrusão de núcleo pulposo hidratado é uma falta de hiperestesia espinhal, bem como déficits neurológicos mais graves quando comparados a hérnia de disco Tipo I de Hansen.
Os cães afetados são tipicamente de meia-idade ou mais velhos. Na maioria dos casos, o início agudo parece ocorrer de forma espontânea, sem incitar causas como exercícios intensos ou traumas.
Embora a apresentação clínica possa indicar fortemente o diagnóstico desse tipo de hérnia de disco em cães, estas podem se confundir com a Hansen Tipo I, mielopatia embólica fibrocartilaginosa e extrusão de núcleo pulposo aguda não compressiva.
A ressonância magnética e, mais atualmente, a tomografia computadorizada com contraste também podem ser usadas para fazer o diagnóstico desse tipo de hérnia de disco.
5 – Extrusão do Núcleo Pulposo Aguda Não Compressiva:
Existe uma variação considerável na terminologia desse tipo de hérnia, que já foi denominada extrusão de disco intervertebral traumática, explosão de disco intervertebral, prolapso de disco intervertebral traumático, discos de mísseis, extrusão de disco de baixo volume de alta velocidade e hérnia Tipo III Hansen.
Na maioria dos relatórios, as descrições clínicas e de diagnóstico sugerem uma extrusão de início peragudo do núcleo pulposo não degenerado levando à contusão da medula espinhal com compressão mínima, geralmente durante exercícios, com ou sem evidência de trauma.
A apresentação clínica comum dessa tipo de hérnia consiste no aparecimento peragudo de sinais de mielopatia (variando de paresia e plegia), geralmente correndo em exercícios extenuantes ou relacionados a trauma externo.
Os sinais são lateralizados em até 90% dos cães afetados e geralmente não progressivos. Ocorre mais comumente na região da junção toracolombar, provavelmente refletindo o aumento das forças biomecânicas na junção entre dois segmentos vertebrais estáveis.
O diagnóstico pode se utilizar da ressonância magnética usando critérios de imagem específicos para distingui-la de outros tipos de hérnia de disco em cachorro.
6 – Extrusão de Disco Intervertebral Traumático:
Extrusão de disco intervertebral traumático é utilizada para descrever a extrusão do disco secundário a trauma externo. Para fins de classificação, considera-se esse tipo de hérnia como uma subcategoria relacionada aos distúrbios que afetam o disco intervertebral.
Ocorre, comumente, após um trauma violento que causa um ruptura repentina do anel fibroso e subsequente extrusão do material do disco para o canal vertebral, independentemente de alterações degenerativas, mas pode também ocorrer através de traumas raquimedulares, sem fraturas ou luxações associadas e outros.
A consideração de todos os aspectos do paciente com trauma espinhal, como sinalização (de idade , condrodistrofia) e múltiplas modalidades de imagem pode levar a um diagnóstico assertivo.
7 – Extrusão de Disco Intervertebral Intradural / Intramedular:
Embora o material do núcleo pulposo extrudado permaneça no espaço extradural em muitos casos de hérnia de disco em cães, há relatos de material nuclear penetrando na dura-máter, podendo, neste cenário, permanecer extramedular, mas dentro do espaço intradural, ou entrar no próprio parênquima medular, tornando-se intramedular.
É um diagnóstico incomum, e muito semelhante a outros relados de hérnia, caracterizadas pela metaplasia condroide no exame histológico do núcleo pulposo excisado cirurgicamente, sugerindo uma extrusão intradural ou intramedular de material degenerativa do disco intervertebral e subsequente compressão da medula espinhal.
Todos os cães com esse tipo de hérnia de disco apresentaram um início peragudo de sinais durante atividades extenuantes, como correr ou pular, ou trauma, tipicamente com melhora do curso clínico.
O diagnóstico depende da interpretação precisa dos exames de imagem ou da confirmação cirúrgica do material do disco intradural ou intramedular. Na maioria dos relatórios, a mielografia demonstrou a presença de material de contraste intramedular, um sinal de “tee” sugestivo de material intradural-extramedular ou vazamento de contraste indicando um rasgo dural no local da suposta extrusão.
Doença embólica associada ao disco intervertebral
8 – Mielopatia Embólica Fibrocartilaginosa:
Outra patologia que entra nos principais 8 tipos de hérnia de disco em cachorros é a embolização da fibrocartilagem, que pode afetar os lados arterial e/ou venoso da circulação do pet, e resulta em um início peragudo de paresia ou paralisia com lateralização dramática em raças não condrodistróficas.
Os sinais podem ser cervicais ou toracolombares, e a idade de início varia de 8 semanas a 14 anos, e os machos são um pouco mais propensos a serem afetados dos que a fêmeas.
Cães como o Labrador Retriever e Staffordshire Bull Terrier são responsáveis por aproximadamente metade de todos os casos de mielopatia embólica fibrocartilaginosa.
A suspeita clínica é levantada sempre que o cão apresenta um início peragudo de mielopatia não dolorosa e lateralizante. O diagnóstico é confirmado por ressonância magnética da coluna.
Diferentes métodos de tratamento contra a evolução dos 8 tipos de hérnia de disco em cachorros!
Os tratamentos podem ser conservadores ou cirúrgicos. Os tratamentos cirúrgicos são indicados quando o paciente está paralisado, utilizam-se de fenestração e técnicas descompressivas.
Já os conservadores envolvem medicamentos (anti-inflamatórios e analgésicos) e repouso. Nesses casos, as técnicas complementares se tornam essenciais. A acupuntura veterinária é uma opção, podendo atuar na liberação de endorfinas controlando a dor e auxiliando no reestabelecimento das funções neurológicas perdidas.
A importância e ação prática da fisioterapia para cães com hérnia de disco!
A fisioterapia animal tem papel fundamental em todas as fases de recuperação de animais com hérnia de disco. Inicialmente pode auxiliar na analgesia com uso de eletroterapia, com TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea para dor) e FES (para fortalecimento), além da laserterapia no controle da inflamação.
No caso das funções neurológicas, os estímulos proprioceptivos como a escovação dos membros é indicado desde as primeiras fases. Nesse período, as técnicas de movimentos e exercícios passivos estimulam o retorno precoce de movimentos e previnem as contraturas e atrofias musculares.
Os pets que já não mais apresentam dores e inflamações podem passar para exercícios ativos e ativos assistidos, procurando o restabelecimento do caminhar, desenvolvimento de coordenação e retorno de massa muscular. Nessas técnicas, podemos utilizar pranchas, caminhadas assistidas (esteira seca ou hidroesteira) e pistas proprioceptivas, sempre estimulando e incentivando a superação de obstáculos e limitações.
Muitas vezes, em casos de paralisias irreversíveis, o estímulo e acompanhamento profissional e carinhoso são essenciais para que os pets possam desenvolver, ao menos, o caminhar medular e manter sua independência e qualidade de vida.
Pets com apenas casos de dor, controladas por medicações, a fisioterapia veterinária se torna essencial para que ele não tenha recidiva do quadro. Nesses casos, a fisioterapia irá tratar os encurtamentos musculares, alongando a coluna e promovendo o fortalecimento muscular paravertebral.
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