As afecções vertebro medulares têm sido reconhecidas como uma das principais causas da incapacidade neurológica dos pets, pois resultam em alterações anatômicas dos tecidos da coluna vertebral ou, em alguns casos, afetam elementos da medula espinhal a nível microscópico, fisiológico ou funcional.
Diante desses fatos, é fundamental conhecer a fundo as principais lesões que afetam a coluna vertebral e medula espinhal, suas causas, diagnóstico e sinais clínicos. Nesse artigo, falaremos da subluxação atlantoaxial em cães.
O que é a subluxação atlantoaxial em cães?
A subluxação atlantoaxial (SLAA) é referida como uma instabilidade de articulação entre a primeira e segunda vértebras cervicais e conduz ao deslocamento dorsal do áxis em relação ao atlas, podendo ocasionar lesões traumáticas da medula espinhal, tais como a concussão e compressão, resultando em edema e inflamação da medula espinhal que pode se estender cranialmente para o tronco encefálico.
Pode ser uma condição secundária a anormalidades congênitas e de desenvolvimento do atlas e áxis (ósseo ou ligamentar) ou ter origem em alguma injúria traumática da articulação, ou uma combinação de ambos.
As alterações mais frequentes são agenesia (atrofia de um órgão ou tecido) ou hipoplasia (desenvolvimento defeituoso ou incompleto de tecido ou órgão) do processo odontóide, angulação dorsal, fratura e avulsão ou não união do odontóide com o áxis.
Ainda não é claro se a ausência do processo odontóide é realmente devido à ausência congênita de um centro de ossificação ou se é devido a alguma necrose isquêmica que ocorre em algumas raças predispostas.
De maneira geral, acredita-se que o processo odontóide, que está presente no nascimento do pet, sofra algum tipo de degeneração progressiva devido à isquemia, levando à reabsorção de pelo menos parte do processo após o nascimento, resultando em displasia do dente e consequente falta de ação dos ligamentos devido ao tamanho diminuído do odontóide, ocorrendo posterior subluxação atlantoaxial no cachorro.
Incidência
A doença costuma atingir cães de raça de pequeno porte como Poodle toy e miniatura, Yorkshire Terrier, Chihuahua, Pequinês e Lulu da Pomerânia. Os cães costumam apresentar os primeiros sinais clínicos entre o primeiro e segundo ano de vida, mas em geral (de 50% a 70% dos pacientes), o início do quadro ocorre com menos de um ano de idade.
A doença também é uma causa frequente de mielopatia cervical, atingindo, na maioria dos casos, cães das raças toy (de 53% a 77% dos casos), mas já relatada em cães de porte grande, incluindo raças como Rottweiler e Doberman Pinscher.
Os sinais clínicos mais evidentes da subluxação atlantoaxial em cães
As principais consequências da instabilidade atlantoaxial em cães são as lesões agudas ou crônicas na medula espinhal. Os sinais clínicos associados variam com a gravidade da lesão medular, podendo apresentar dor cervical à tetraplegia. Em compressões medulares graves o paciente pode vir a óbito devido à parada respiratória em decorrência da proximidade do início da medula espinhal com o bulbo do tronco encefálico.
Em alguns casos pode ocorrer alguma alteração de postura, como torcicolo, devido à seringohidromielia concomitante. Os sinais clínicos dessa torcicolo podem ser exacerbados pela flexão do pescoço e podem ser secundários a traumas leves. Alguns animais podem apresentar hidrocefalia ao mesmo tempo.
Como é feito o diagnóstico da subluxação atlantoaxial em cães?
O diagnóstico de instabilidade na articulação atlantoaxial é confirmado com base em exames de imagem, onde se observa o deslocamento dorsal do áxis em relação ao atlas. A ressonância magnética pode ser considerada em alguns casos, onde além de observar o deslocamento dorsal do áxis, é possível observar a área de hiperintensidade ao nível entre o atlas e áxis.
O tratamento para subluxação atlantoaxial em cães
A subluxação atlantoaxial em cães pode ser tratada de modo conservativo ou por meio de cirurgia. Ambos possuem efeitos positivos, mas sua aplicação deve ser devidamente analisada caso a caso.
O tratamento conservativo é recomendado para cães com déficits neurológicos leves, sinais clínicos com início agudo, cães com imaturidade vertebral e aqueles para os quais as restrições financeiras não possibilitam a realização da cirurgia.
O objetivo do tratamento conservativo é imobilizar a articulação atlantoaxial gerando uma fusão por meio de fibrose ou formação de calo ósseo nos casos associados com fratura. Este processo é resultado da rigidez da articulação enquanto as estruturas ligamentares cicatrizam.
O programa conservativo consiste no confinamento em canil por seis a doze semanas, utilizando-se de analgésicos, anti-inflamatórios e colar cervical rígido (que restringe o movimento da cabeça e do pescoço).
O tratamento cirúrgico tem como objetivo realinhar e estabilizar a junção atlantoaxial e promover descompressão da medula espinhal. A cirurgia é indicada em casos crônicos com sinais agudos graves, clínicos recidivantes ou após o insucesso no tratamento conservativo.
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