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Doberman – História, Personalidade e Saúde

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Doberman: conheça a origem da raça, as peculiaridades em seu comportamento, sua capacitação, cuidados e patologias e lesões mais comuns em seu desenvolvimento

O Doberman pode ser considerado uma raça relativamente nova, afinal, foi desenvolvida ao longo já do século XIX na Alemanha. Trata-se de um cão que adora trabalhar, muito hábil e autoconfiante, que se ajusta facilmente ao ambiente que é inserido. Além disso é muito inteligente, atento e fiel ao dono, sendo um ótimo cão de vigília. Entretanto, é uma raça que necessita de adestramento firme desde filhote, pois costuma ser bem agressivo com estranhos ou outros cães.

Sua origem se deu através da necessidade profissional de Louis Dobermann, um cobrador de impostos da cidade de Apolda. Devido a suas funções, muitas vezes perigosas, Louis sentiu a necessidade de ter um cão para protegê-lo durante suas viagens. Os atributos necessários eram claros: valentia, agilidade, inteligência e coragem.

Louis tinha certo conhecimento sobre cães, e partir de 1870 começou a realizar testes com cruzamentos entre cães “açougueiros” (ancestrais do Rottweiler), Pinscher, Pastor Alemão, Weimaraner, Greyhound, Manchester Terrier e, apesar de certa contradição, muitos ainda sustentam que o Dogue alemão e o Pastor de Beauce também fazem parte da origem genética do Doberman.

Apesar de ter dado início a criação da raça, Louis morreu antes de ver seu trabalho concluído. Foi seu sucessor, Otto Goeller, quem conseguiu estabelecer o padrão da raça em 1899 e batizou o nome Doberman Pinscher em homenagem ao seu criador.

O cachorro Doberman é realmente uma raça de grande coragem, inteligência e agilidade. Possui um temperamento equilibrado e determinado, extremamente fiel ao dono e sua família, porém muito desconfiado com estranhos e com um grande instinto protetor. É considerado uma das melhores raças de cães de guarda (2º colocado no ranking das melhores raças de cães de guarda).

Trata-se de um cão muito sensível e inteligente, com facilidade de aprendizado e muito utilizado profissionalmente em diferentes países, seja como cão policial, militar e até cão guia (embora não seja sua melhor aptidão). Contudo, não é uma raça para qualquer dono, pois deve fazer parte de um ambiente justo e equilibrado e ser comandado por alguém que saiba se impor com paciência e suavidade.

Dobermans são cães que precisam de exercício regular, disciplina e espaço. Possuem um pelo que deve ser escovado regularmente para a retirada de fios mortos. Pode chegar de 35 a 45 kg, e entre 61 a 72 cm de altura. Sua expectativa de vida está entre 10 e 13 anos.

Doberman: patologias e lesões que mais o acomete

1 – Displasia coxofemoral:

A displasia em Doberman pode ser constatada quando há a degeneração da articulação da bacia (acetábulo) com a cabeça do fêmur. É uma patologia que vem crescendo cada dia mais no cotidiano dos cães, principalmente por não se tratar mais de apenas uma doença hereditária, mas por se desenvolver por outros fatores como obesidade, alterações posturais, convivência com pisos lisos e outros.

A displasia coxofemoral apresenta sinais bem característicos que passam por: dificuldade em caminhar, andar manco, estalos audíveis na articulação e demonstrações de dores ao realizar movimentos mais complexos.

O não tratamento adequado da doença pode resultar no aparecimento de sintomas mais intensos, obrigando o pet a evitar diversas atividades simples da sua rotina como correr, pular, levantar-se e subir escadas. A dor intensa faz com que o pet apresente um andar incomum e uma desproporcionalidade na musculatura em sua parte dianteira.

A primeira avaliação médica é feita na análise das articulações dos pets, verificando se existem indícios concretos de frouxidão nas articulações dos quadris. Essa primeira análise é fundamental, já que tal frouxidão nas articulações dos quadris, seja em filhotes ou cães adultos, são fortes indicativos de que o animal apresente algum nível de displasia coxofemoral.

No caso de Dobermans idosos, é provável que o profissional veterinário irá analisar fatores como a perda de massa muscular nos músculos da coxa e ampliação dos músculos do ombro, devido à compensação muscular.

De qualquer forma, o principal teste de avaliação é a análise de frouxidão através do exame clínico de ortolani. Após os primeiros exames clínicos, caberá ao profissional decidir se será necessária a confirmação através de uma radiografia coxofemoral.

A displasia canina não possui uma cura definitiva, mas os tratamentos conseguem combater objetivamente a dor e frear o avanço da progressão da doença articular, dois pontos que ajudam, e muito, no resgate da qualidade de vida do cão.

Os programas de reabilitação eficientes visam a manutenção ou restauração das funções naturais da articulação, sempre levando em consideração o contexto de cada paciente em reabilitação, o grau de severidade da patologia, idade e outras severidades clínicas.

A fisioterapia veterinária e os diferentes métodos que englobam a especialidade como a hidroterapia com esteira aquática, laserterapia, acupuntura e outros, fornecem o ambiente perfeito para os programas de fortalecimento muscular, combate de dores e incômodos e no controle da evolução da artrose (muito associada ao aparecimento da displasia coxofemoral).

2 – Hérnia de disco:

A hérnia de disco, sem dúvidas, é a enfermidade mais comum na coluna dos pets e pode ser dividida em hérnia de disco Hansen tipo I (quando há extrusão do núcleo pulposo com ruptura do anel fibroso), Hansen tipo II (quando ocorre protusão do disco) e Hansen Tipo III (trauma concussivo na medula).

É sempre bom conscientizar os donos de pets que a cirurgia, quando necessária, é somente a parte inicial do tratamento, sendo a fisioterapia veterinária o melhor tratamento para controlar o processo inflamatório, melhorar a dor, ganhar massa muscular e retornar a movimentação normal.

O Doberman com hérnia de disco costuma apresentar sinais clínicos variados, desde dor até alterações dos reflexos espinhais, do tônus muscular, atrofias ou hipotrofias musculares, ataxias, paralisias e até mesmo paresias, além de alterações na capacidade de micção e defecação.

Esses sinais podem variar conforme a localização e grau de compressão medular. O raio-x, associado ao exame neurológico e clínico, irão sugerir o local da lesão, podendo exames de tomografia e ressonância magnética serem opções ideais para confirmar com mais exatidão o diagnóstico.

Os tratamentos podem ser conservadores ou cirúrgicos. Os tratamentos cirúrgicos utilizam-se de fenestração e técnicas descompressivas. Já os conservadores envolvem medicamentos (anti-inflamatórios e analgésicos) e repouso. Nesses casos, as técnicas complementares se tornam essenciais. A acupuntura veterinária é uma opção, podendo atuar na liberação de endorfina controlando a dor e auxiliando no reestabelecimento das funções neurológicas perdidas.

A fisioterapia também cumpre papel fundamental em todas as fases de tratamento do Doberman com hérnia de disco. Inicialmente pode auxiliar na analgesia com uso de eletroterapia, com TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) e FES, além da laserterapia no controle da inflamação.

No caso das funções neurológicas, os estímulos proprioceptivos como a escovação dos membros é indicado desde as primeiras fases. Nesse período, as técnicas de movimentos e exercícios passivos estimulam o retorno precoce de movimentos e previnem as contraturas e atrofias musculares.

Os pets que já não mais apresentem dores e inflamações podem passar para exercícios ativos e ativos assistidos, procurando o reestabelecimento do caminhar, desenvolvimento de coordenação e retorno de massa muscular. Nessas técnicas, podemos utilizar pranchas, caminhadas assistidas (esteira seca ou hidroesteira) e pistas proprioceptivas, sempre estimulando e incentivando a superação de obstáculos e limitações.

3 – Ruptura de ligamento cruzado:

É ocasionada pelo deslizamento do fêmur sobre a tíbia, podendo levar a novas complicações como as lesões de menisco. É uma condição muito comum em cães de grande porte e potência muscular como o Doberman.

Os sintomas da ruptura de ligamento cruzado são imediatos. Ou seja, diferente de outras lesões ortopédicas onde é possível constatar sintomas antes da progressão do problema, a ruptura de ligamento faz com que o pet sinta dor imediatamente após a complicação, evitando a utilização da pata machucada em função do sofrimento.

Existem três causas mais comuns que podem maximizar as chances de uma ruptura de ligamento cruzado em Doberman, além da natural incidência e propensão. São elas:

1 – Locais com superfícies longas e lisas que não possuem a aderência necessária para que o pet realize movimentos de maneira natural, sem que haja excesso de força em sua estrutura muscular;

2 – Traumas também podem ser responsáveis pelo aumento de chances de rompimento do ligamento cruzado, tendo como consequência em grande parte dos casos, uma fratura de menisco;

3 – A evolução de uma lesão já existente nos membros, como a luxação patelar. Quando um pet possui a luxação patelar automaticamente acaba colocando mais força sobre um dos membros prejudicados, sobrecarregando o setor e fazendo com que as chances de uma ruptura de ligamento cruzado aumentem em uma situação de extremo emprego de força na musculatura.

O diagnóstico é feito através de um exame ortopédico, utilizando movimentos de gaveta e compressão tibial. Casos mais complexos buscam nos exames de imagem uma melhor conclusão. Além disso, a ressonância magnética e artroscopia também podem ser requisitados em alguns casos.

A cirurgia costuma ser a primeira medida após a constatação da lesão. Atualmente as técnicas de osteotomias corretivas como a TPLO e TTA são as mais indicadas. Em qualquer caso, a fisioterapia veterinária é requisitada após 5 dias de cirurgia.

As técnicas que passam por hidroterapia com esteira aquática, acupuntura e quiropraxia oferecem as condições plenas para combater as dores e incômodos, auxiliando o pet no fortalecimento e recuperação de sua mobilidade natural.

4 – Displasia de cotovelo:

A displasia de cotovelo em Doberman é o conjunto de quatro patologias indutoras de uma má formação da articulação do cotovelo. As afecções denominadas de não-união do processo ancôneo, osteocondrite dissecante do côndilo umeral medial, fragmentação do processo coronoide medial da ulna e a incongruência do cotovelo são agrupadas e resumidas como a displasia do cotovelo.

O diagnóstico deve ser precoce para que a correção cirúrgica seja a mais eficiente possível, principalmente antes do aparecimento da degeneração osteoarticular secundária e do crescimento completo do pet. Para isso, a tomografia computadorizada ainda é considerada o melhor método de diagnóstico atualmente.

O procedimento cirúrgico mais utilizado é a osteotomia proximal e oblíqua da ulna com aplicação de pino intramedular para estabilização da porção próxima da ulna. Essa técnica vem apresentando bons resultados quanto à presença de dor e retorno da função do membro acometido.

É importante frisar que, tanto no pós-operatório como em diagnósticos após os 4 anos de idade, as técnicas de fisioterapia veterinária são indicadas e produzem resultados fantásticos quanto a estabilização dos sintomas clínicos e controle da progressão da osteoartrose.

5 – Cauda equina:

A síndrome de cauda equina em Doberman é uma doença caracterizada por uma compressão das vértebras na parte final da coluna (próxima ao rabo) causada por um estenose congênita ou adquirida do canal vertebral lombossacro. As causas podem ser relacionadas a traumas como fraturas e luxações (quando a articulação é deslocada de sua posição normal), ou extrusão discal (hérnia de disco).

Os sintomas da cauda equina podem variar desde os mais leves, como fraqueza muscular (caracterizada pela dificuldade de se levantar ou subir escadas) até os mais complexos (paresias graves acompanhada por grande perda de massa muscular e incontinência urinária).

O diagnóstico é feito através de um exame clínico completo de um veterinário ortopedista ou neurologista, por exames de raio-x (normal e mielografia) e ressonância magnética.

A doença pode ser tratada através de forma conservativa ou cirúrgica (em casos mais graves). A cirurgia consiste na correção da estenose do canal vertebral com o intuito de aliviar a compressão sobre as raízes nervosas. Porém, grande parte dos animais que apresentam a doença e passam por cirurgia já estão em um grau elevado de perda de massa muscular e dor local (na região lombossacra).

O uso da fisioterapia veterinária é fundamental para a completa recuperação desses pacientes, pois é uma ferramenta qualificada para controle da dor e inflamação, promovendo (através de diferentes métodos como hidroterapia, acupuntura e outras) o ganho de massa muscular gradual e saudável.

6 – Síndrome de Wobbler:

A síndrome de Wobbler em Doberman é uma patologia de etiologia multifatorial que leva a um estreitamento do canal vertebral e, consequentemente, na compressão da medula espinhal cervical caudal e das raízes nervosas devido às alterações anatômicas e posicionais do nível das vértebras cervicais.

As raças afetadas normalmente são grandes e potentes como o Doberman, podendo apresentar ataxia dos membros pélvicos, com ou sem dor cervical, podendo progredir para déficits neurológicos dos membros torácicos e, em última instância, quadriplegia.

Em cães com sinais mínimos de disfunção neurológica, o tratamento da síndrome de Wobbler é feito a partir da administração de corticosteróides isolados e restrição de atividade (são satisfatórios em 75% dos casos). Porém, cães com sintomatologia mais acentuada, mesmo que haja uma melhoria inicial com a administração de corticosteróides, a compressão e instabilidade persistem e geralmente evoluem, exigindo um tratamento mais definitivo. Nestes casos é recomendável a cirurgia e reabilitação pós-operatória por meio da fisioterapia.

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